terça-feira, 21 de agosto de 2007

há quase um ano





quase um ano.
quase um ano passado desde que começámos este caminho. digo começámos porque é assim, eu também estou lá, a ana também e o gustavo então... nem se fala! o maior companheiro de sempre, de uma beleza indescritível. digo caminho porque quando olho para este processo não consigo deixar de ver isto como um caminho, onde cada dia é um passo e onde cada passo é uma conquista.
e um ano é uma marca no tempo, é um momento.
não, não é aquela coisa de ah e tal, está a fazer um ano e estou a ficar mais deprimido com a lembrança...! mas o que é um facto, é que na nossa vida vamos sentindo o tempo a passar por nós e como o temporizamos, chegamos sempre áquela data que até fixámos um dia, há um ano atrás lembram-se?, e assim acabamos de uma forma quase involuntária por deixar que as memórias nos invadam. estou para aqui a falar no plural, mas sou eu que sou assim, ... que as memórias me invadam.

estas duas imagens juntas marcam momentos diferentes de um período de 3 dias passados na enfermaria do novíssimo serviço de pediatria do hospital são francisco xavier (hsfx). numa das fotos está a visita da prima fabíola e a outra foi tirada um pouco antes do dr josé cabral e do dr joaquim pedro nos comunicarem a gravidade da situação. dali até ao momento da foto seguinte, na unidade de cuidados intensivos de cirurgia do hem, foi tudo muito rápido, menos as quase 6 horas de cirurgia que valeram por 12. nesta imagem e com a devida distância, o que mais me impressiona é a desproporção da maquinaria versus gaspar ali tão pequenino e ligado a quase tudo. ali, abriu os olhos semicerrados, disse umas palavras à mãe. a mim quando entrei disse-me olá. parecia estar tudo bem. nós estávamos exaustos e a ana foi para casa. eu depois também tive de ir a oeiras. antes de ir, falei com o gaspar, disse o que ia fazer e ele acenou que sim. fui com uma sensação de alívio depois de tanto aperto sentido nos dias anteriores. quando cheguei ele não estava na ucic, tinha ido fazer uma tac, mas porquê, porque estava sonolento e iam despistar possíveis derrames ou edemas. de novo com um aperto enorme no coração, recebo a notícia de que se tratava de um edema cerebral (inflamação). se fosse numa pessoa mais velha, isso seria procupante, mas no gaspar e porque a coisa tinha sido apanhada a tempo, que eu não me afligisse, ele era novo e aquilo voltaria tudo ao lugar. a partir dali, e juntando à paralisia temporária (parésia) do lado esquerdo provocada pela cirurgia o gaspar ficou quase dois meses sem falar (mutismo cerebelar). eu fiquei com um enorme sentimento de culpa por não ter estado com ele naquele retrocesso.

lembro-me da simpatia de toda as pessoas nas enfermarias do hsfx e do hem, da vontade de nos ajudarem naquele momento onde não havia como, da atenção prestada ao gaspar. MUITO OBRIGADO.
daqui para a frente terei muitos obrigados a dizer no contar desta história.
este foi o primeiro.

foi há quase um ano!


3 comentários:

Anónimo disse...

Coragem: energia moral antes do perigo; sofrimento ou revés; intrepidez; ousadia; ânimo; perseverança. Força: faculdade de operar; energia; causa. Amizade: afeição por outra pessoa; simpatia; dedicação; atracção. A família Évora & Veiga é um exeplo destas palavras e de muitas outras que posterior fide béke deixará por aqui! Mais do que as palavras temos as acções que nos marcaram a todos durante o último ano. A importância deste blogue é imensa, para além de nos manter informados sobre o nosso amigo Gaspar e sua famíla, faz-nos partilhar sentimentos. O meu, neste momento, família Évora & Veiga, é dizer-vos que gosto muito de vocês, que estou cá e estarei, para partilhar esta e outras histórias convosco.
Kato

fi disse...

Vocês os dois foram VALENTES e são, lembro de ir ver o Gaspar ao Hsopital e de não ter conseguido ultrapassar o meu medo (que egoismo o meu), o medo de ver o Gaspar a sofrer, de estar naquela cama "preso". Lembro-me de falar com ele e de as lágrimas me correrem pela cara e não me conseguir controlar, é um sofrimento muito grande...vocês não (exteriormente) , apesar de sofrerem muito (interiormente), SÂO LINDOS. FORÇA GASPAR

Anónimo disse...

Que palavras bonitas e comoventes tenho lido aqui neste blog tem-me feito pensar na sorte que temos de vivermos rodeados de pessoas como vós.Não somos nenhuns heróis,não somos nem mais nem menos do que ninguém trata-se apenas de não ter escolha, aqui não hà opções.O seguir em frente é apenas o único caminho. Da nossa parte, Évora Veiga, um grande bem haja a todos.